A lógica pode ser definida como “a ciência da argumentação, prova, reflexão ou inferência”. Ela permite analisar um argumento ou raciocínio e deliberar sobre sua veracidade. A lógica não é um pressuposto para a argumentação, é claro; mas conhecendo-a, mesmo que superficialmente, torna-se mais fácil evidenciar argumentos inválidos.
Atribui-se a Aristóteles o primeiro estudo formal do raciocínio, com a obra Órganon. Sua importante contribuição foi no estabelecimento dos primeiros princípios que devem estar a serviço de todos os argumentos. São eles:
· Princípio da Identidade - Aquele que afirma a identidade de determinada coisa com ela mesma. Pode ser assim enunciado: Toda coisa é o que é.
· Princípio da (não-) Contradição - Determina que: Uma coisa —considerada sob o mesmo aspecto — não pode ser e não-ser ao mesmo tempo; por conseguinte, coisa alguma pode ter e não ter, ao mesmo tempo, determinada propriedade.
· Princípio do Terceiro Excluído - Afirma que: Dada uma noção qualquer ou ela é verdadeira ou é falsa, isto é, não há um possível meio-termo entre a afirmação e negação. O princípio do terço excluído sustenta, assim, que só existem dois modos de ser, e por conseguinte, de dois juízos contraditórios, um é necessariamente verdadeiro e o outro falso.
Vale fazer alguns comentários sobre o que a lógica não é:
· Primeiro: a lógica não é uma lei absoluta que governa o universo.
· Segundo: a lógica não é um conjunto de regras que governa o comportamento humano. Pessoas podem possuir objetivos logicamente conflitantes. Ou seja, a resposta lógica nem sempre é viável.
Argumentos
Um argumento é uma série de afirmações, com o fim de estabelecer uma proposição definida. Existem vários tipos de argumento; iremos discutir os chamados dedutivos. Esses são geralmente vistos como os mais precisos e persuasivos, provando categoricamente suas conclusões; podem ser válidos ou inválidos.
Argumentos dedutivos possuem três estágios: premissas, inferência e conclusão. Entretanto, antes de discutir tais estágios detalhadamente, precisamos examinar os alicerces de um argumento dedutivo: proposições.
Proposições
Uma proposição é uma afirmação que pode ser verdadeira ou falsa. Ela é o significado da afirmação, não um arranjo preciso das palavras para transmitir esse significado. É a partir delas que os argumentos são construídos; são as razões para se aceitar o argumento.
Inferência
Umas vez que haja concordância sobre as premissas, o argumento procede passo a passo através do processo chamado inferência. Nela, parte-se de uma ou mais proposições aceitas (premissas) para chegar a outras novas. Se a inferência for válida, a nova proposição também deve ser aceita. Posteriormente essa proposição poderá ser empregada em novas inferências.
Conclusão
Finalmente se chegará a uma proposição que consiste na conclusão, ou seja, no que se está tentando provar. Ela é o resultado final do processo de inferência, e só pode ser classificada como conclusão no contexto de um argumento em particular. A conclusão se respalda nas premissas e é inferida a partir delas.
2.1 IMPLICAÇÕES EM DETALHES
Evidentemente, pode-se construir um argumento válido a partir de premissas verdadeiras, chegando a uma conclusão também verdadeira. Mas também é possível construir argumentos válidos a partir de premissas falsas, chegando a conclusões falsas.
É importante perceber que podemos partir de premissas falsas, proceder através de uma inferência válida, e chegar a uma conclusão verdadeira.
2.1.1Por exemplo:
Premissa A: Todos peixes vivem no oceano.
Premissa B: Sardinhas são peixes.
Conclusão: Logo, sardinhas vivem no oceano.
Há, no entanto, uma coisa que não pode ser feita: partir de premissas verdadeiras, inferir de modo correto, e chegar a uma conclusão falsa.
Podemos resumir esses resultados numa tabela de “regras de implicação”.
Regras de implicação | ||
Premissa | Conclusão | Inferência |
A | B | |
Falsa | Falsa | Válida |
Falsa | Verdadeira | Válida |
Verdadeira | Falsa | Inválida |
Verdadeira | Verdadeira | Válida |
-Se as premissas são falsas e a inferência válida, a conclusão pode ser verdadeira ou falsa (linhas 1 e 2).
-Se a premissa é verdadeira e a conclusão falsa, a inferência é inválida (linha 3).
-Se as premissas e inferência são válidas, a conclusão é verdadeira (linha 4).
Desse modo, o fato de um argumento ser válido não significa necessariamente que sua conclusão é verdadeira, pois pode ter partido de premissas falsas.
Um argumento válido que foi derivado de premissas verdadeiras é chamado “argumento consistente”. Esses obrigatoriamente chegam a conclusões verdadeiras.
2.1.2. Outros exemplos:
Sujeito Existe | Sujeito | Predicado | Sujeito não existe |
Verdadeiro | Fred | Quebrou a perna | Falso |
Falso | Fred | Vai jogar futebol | Falso |
Falso | Fred | Não quebrou a perna | Verdadeiro |
Sujeito Existe | Sujeito | Predicado | Sujeito não existe |
Verdadeiro | Sofia | Matou alguém | Falso |
Falso | Sofia | Não Vai ser Presa | Falso |
Falso | Sofia | Não matou alguém | Verdadeiro |
Conclusões:
1º Exemplo:
ü Se for verdade que Fred quebrou a perna, não é certo dizer que ele não existe.
ü Se Fred não existe, logo não pode ser dito que ele vai jogar futebol.
ü Se Fred não existe, então é conclui-se que Fred não quebrou a perna.
ü É falso falar de alguém que não existe.
ü Entre a 1º e a 3º frases tem-se uma OPOSIÇAO.
2º Exemplo:
ü Se for verdadeira a existência de Sofia é certo afirmar que ela matou alguém.
ü Se ela existir é falso afirmar que ela não seja presa e caso ela não exista ela nem vai cometer o crime de matar alguém.
ü Se Sofia não existe ela não cometeu homicídio nenhum, pois é falso falar de alguém que não existe.
ü Entre a 1º e a 3º frases tem-se uma OPOSIÇAO.
Através de três premissas simples, pretende-se encontrar a relação entre estas sentenças a partir dos valores lógicos, de verdadeiro ou falso, que elas podem assumir. Estes valores serão tomados partindo-se de duas situações distintas, sendo a primeira a consideração da existência do sujeito e a segunda a inexistência do sujeito. Busca-se, ainda, verificar se há equivalência de valores entre as duas situações propostas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário